Então Jesus lhes perguntou: Quando eu os enviei sem bolsa, saco de viagem ou sandálias, faltou-lhes alguma coisa? Nada, responderam eles. Ele lhes disse: Mas agora, se vocês têm bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma. Está escrito: E ele foi contado com os transgressores; e eu lhes digo que isso precisa cumprir-se em mim. Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir. Os discípulos disseram: Vê, Senhor, aqui estão duas espadas. É o suficiente! respondeu ele (Lc.22.35-38). NVI.
Este diálogo de Jesus com seus discípulos está registrado apenas no evangelho de Lucas. A expressão, "vendam a sua capa e comprem uma espada", tem sido interpretada de diversas formas pelos eruditos da Bíblia e teólogos.
O que estava Jesus querendo dizer aos seus discípulos, quando disse: "Vendam a sua capa e comprem uma espada". Estaria Jesus incentivando a violência? Seria um tipo de prevenção contra possíveis ataques? Ou Ele falou de forma irônica?
Sobre o incentivo de Jesus à violência, fica descartada esta possibilidade, até porque mais adiante Pedro faz uso de uma espada quando corta com ela a orelha do servo do sumo sacerdote. Diante deste ato de violência, Jesus diz a Pedro: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão (Mt.26.52).
Donald C Stamps, autor das Notas e Estudos da Bíblia de Estudo Pentecostal comenta: As palavras de Jesus para seus discípulos comprarem espada podem ter sido ironia. Considere-se que, até então, Ele os incentivara a viver a vida da cruz, ao invés de adotarem métodos do mundo. A seguir, Jesus passa a declarar (v.37) seu propósito em seguir o caminho da cruz, segundo a vontade de Deus. O versículo 38 deixa claro que os discípulos não compreenderam o que Jesus queria dizer.
Nota de rodapé, Bíblia de Estudo Pentecostal pg.1559.
Muitos teólogos como S. G. F. Brandon e o padre William Most, tomam o versículo como uma justificativa para a autodefesa; em que Jesus estaria orientando os discípulos a comprar espadas para se protegerem de possíveis ladrões e salteadores, que poderiam aparecer durante suas expedições missionárias.
O conhecido e renomado teólogo John Gill afirma ser figurativa em sua Exposição Bíblica.
Estas palavras de Cristo não devem ser entendidas literalmente, de que ele gostaria que seus discípulos se munissem de qualquer quantidade de espadas, uma vez que ele jamais teria dito, como ele o fez depois, que duas seriam suficientes, o que não seria de fato para onze homens; ou teria proibido Pedro de se utilizar de uma, como ele fez pouco depois: assim, o sentido é que, onde quer que estivessem e onde houvesse uma oportunidade para pregar o Evangelho, eles encontrariam muitos adversários, e poderosos, e haveria grande violência seguida de ódio e perseguição; tanta que lhes pareceria necessário precisar de espadas para que se defendessem: a frase expressa assim o perigo a que eles seriam expostos e a necessidade de proteção; e, portanto, seria errado para eles [os apóstolos] brigarem e discutirem sobre superioridade assim como procurar ou esperar algum tipo de pompa ou circunstância temporal no momento desta condição lastimável, aflitiva e de grandes privações; e eles logo perceberiam que a fonte deste desespero e aflição seriam eles mesmos.
Em fim, a verdade é que os discípulos não entenderam o que Jesus estava querendo dizer naquele momento crucial próximo a sua morte.
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