Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! (Rm.1.25).
VERDADE PRÁTICA.
A exaltação da criatura acima do Criador é a usurpação da glória divina pela mentira e vaidade humana.
A leitura bíblica do texto da carta aos Romanos 1.18-32 é um retrato da sociedade atual, ainda mais degenerada pelo pecado. Neste texto vamos identificar ações da criatura e reações do Criador.
(1) ANULARAM O CONHECIMENTO DE DEUS.
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos (21,22).
REAÇÃO DE DEUS.
E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus, que são dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem (28-32).
(2) MUDARAM A GLÓRIA DE DEUS.
E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis (23).
REAÇÃO DE DEUS.
Pelo que também Deus os entregou concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si (24).
(3) MUDARAM A VERDADE DE DEUS.
Pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! (25).
REAÇÃO DE DEUS.
Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro (26,27).
ANTROPOCENTRISMO.
O antropocentrismo é o conjunto de ações e de doutrinas filosóficas que colocam o ser humano no centro de todas as coisas. Também chamado de humanismo, essa herança cultural do movimento histórico, político e social conhecido como Renascença, vem se desdobrando desde o século XIV. Contudo, como sabemos, a verdadeira identidade humana não se encontra no antropocentrismo, mas nos ensinos das Escrituras Sagradas, cujo Criador Todo-Poderoso é soberano sobre todas as coisas.
RENASCENTISMO.
A Renascença é um movimento intelectual que surge na Europa Ocidental, entre os séculos XIV e XVI. A característica desse movimento foi o seu profundo racionalismo, ou seja, tudo devia ter uma explicação racional. Os renascentista recusavam-se acreditar em qualquer coisa que não pudesse ser comprovada racionalmente. Durante esse período, que coincide com o início da Idade Moderna, que os historiadores marcam a partir da tomada dos otomanos pelos turcos em 1453 até 1789 (Revolução Francesa).
A visão teocêntrica (em que Deus era a medida de todas as coisas) foi mudada por uma concepção antropocêntrica (em que o homem se tornava a única medida de todas as coisas). No lugar de ver o mundo a partir das lentes do Criador, os homens passaram a enxergá-lo a partir das lentes da criatura. Assim surgiram os primeiros efeitos do processo de secularização da cultura, quando a vida social passou a ceder o espaço para o racionalismo e o ceticismo. Nesse sentido, a revolução científica e literária, que se deu a partir do Renascimento, contribuiu para o surgimento do Humanismo.
HUMANISMO.
A Itália foi o principal centro humanista nos fins do século XV. Para o movimento humanista, a ética e a moral dependem do homem. Assim, a criatura passou a ser a base de todos os valores, e não o Criador. Os humanistas aprofundaram seus estudos na história antiga a fim de desconstruir os livros sagrados. De positivo, destaca-se a valorização dos direitos do indivíduo. Porém, esta é uma bandeira própria do humanismo. A Bíblia possue um arcabouço de concepções de liberdade e de igualdade (Dt.6.1-9) que antecedem muitos direitos que apareceram nos tempos modernos. Destaca-se, ainda, que a Escritura ensina a igualdade entre raças, classe social e de gênero (Gl.3.28).
ILUMINISMO E A PÓS-MODERNIDADE.
O Iluminismo surgiu na Europa, entre os séculos XVII e XVIII. Seus adeptos rejeitavam a tradição, buscavam respostas na razão, entendiam que o homem era o senhor do seu próprio destino e que a igreja era uma instituição dispensável. Já a Pós-modernidade, ou Modernidade Líquida, surge a partir da metade do século XX. Sociólogos observam que a sociedade deixou de ser "sólida" e passou a ser "líquida". Isso quer dizer que os valores que eram "absolutos" tornaram-se "relativos". Nesse aspecto, a coletividade foi substituída pelo egocentrismo em que os relacionamentos se tornaram superficiais. Nesse contexto, os dois grandes imperativos que marcaram esse movimento foram hedonismo e narcisismo. Na busca do bem-estar humano tudo se torna válido, tais como: O uso das pessoas, o abuso do corpo, a depravação e o consumismo desenfreado.
NARCISISMO.
O Narcisismo é um conceito de autoidolatria, ou seja, idolatria da autoimagem. A idolatria é tudo o que se coloca no lugar da adoração a Deus (Êx.20.3-5). Nesse caso, podemos dizer que o culto à autoimagem é uma forma de idolatria. Enquanto o verdadeiro cristão deve refletir a imagem de Cristo, o narcisismo humano reflete a natureza do pecado. O apóstolo Paulo retrata o homem caído como uma pessoa egoísta; amante de si mesmo; amante do dinheiro; sem amor para com o próximo; rebelde, sem amor para com Deus e hedonista (amante dos deleites) II Tm.3.2-4. Desse modo, o homem sem Deus passa a se autopromover-se desenvolvendo uma opinião elevada de si mesmo, a ponto de desprezar Deus como seu Criador. No entanto, a Bíblia ensina que a primazia é de Cristo, não do homem.
HEDONISMO.
Hedonismo é a entrega ou dedicação aos prazeres dos sentidos, o prazer como estilo de vida. Isto envolve idolatria sexual e todos os tipos de perversão sexual, é o prazer pelo prazer e nada mais importa. A falta de controle dos impulsos sexuais leva a imoralidade, a libertinagem e consequentemente a escravidão da pornografia. Então, a adoração a Deus é trocada pelo culto ao corpo a fim de satisfazer o ídolo da perversão e da lascívia por meio de abomináveis idolatrias (I Pe.4.3).
CONCLUSÃO:
A corrupção da raça humana é o desfecho de sua rebelião à verdade divina. A impiedade e a ausência de retidão resultaram em teorias de autossuficiência em que a criatura se ergue acima de seu Criador. A criatura, ao se colocar como medida única de todas as coisas, o homem eleva o seu interesse acima da vontade divina. As consequências são a autoidolatria, a depravação moral, a decadência social e espiritual. Não obstante, a Escritura alerta que a ira divina permanece sobre os que são desobedientes à verdade divina (Rm.2.8).
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