E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores (Ef.4.11).
Este é um tema simples e ao mesmo tempo complicado de se abordar, visto que há muitos pontos de vistas e conceitos teológicos sobre as definições específicas dos cinco ministérios.
Tomando como base a Bíblia de Estudo Pentecostal, o comentarista Donald Stamps, abordando este tema escreve: Este versículo alista os dons de ministérios (líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons com dois propósitos: (1) Para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão (4.12). e (2) Para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo (4.13-16).
1- APÓSTOLOS.
O título "apóstolo" do verbo apostello significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb.3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt.10.2), o apóstolo Paulo (Rm.1.1; II Co.1.1; Gl.1.1).
O termo "Apóstolo" no Novo Testamento é usado no sentido geral e também especial.
Apóstolo no sentido especial, faz referência àqueles que viram o Senhor Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja (os doze discípulos e Paulo). Estes tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos originais do NT não têm sucessores.
Apóstolo no sentido geral abrange muitos outros que foram também chamados de apóstolos, como Barnabé, At.14.4,14; Tiago irmão do Senhor, Gl.1.19; Andrônico e Júnia, companheiros de Paulo que se destacaram entre os apóstolos, Rm.16.7.
2- PROFETAS.
Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse era a vida espiritual e pureza da igreja. A função do profeta na igreja inclui a seguinte atividade: Proclamar e interpretar a Palavra de Deus, cheio do Espírito Santo. A sua mensagem tem como objetivo, admoestar, exortar, animar, consolar e edificar o povo de Deus. Temos no livro de Atos registros de alguns homens que exerciam o ministério de profeta, o texto diz: Naqueles dias, desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César (At.11.27,28). Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo (At.13.1). Depois, Judas e Silas, que também eram profetas, exortavam e confirmavam os irmãos com muitas palavras (At.15.32).
Não devemos confundir o dom de profecia, com o ministério de profeta. Podemos perceber esta diferença entre as filhas do evangelista Filipe, que tinham o dom de profetizar e Ágabo, que exercia o ministério de profeta. O texto de Atos diz: No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Ágabo (At.21.8-10).
Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência, então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. Quando a política eclesiástica e a direção humana tomarem o lugar do Espírito e desprezarem a mensagem profética no meio da igreja, o caos espiritual será estabelecido.
Pregadores para falar o que o povo gosta de ouvir, temos muitos, a igreja do Senhor está clamando por profetas, e estes que sejam verdadeiros.
3- EVANGELISTAS.
Os evangelistas são homens vocacionados por Deus para pregarem o evangelho aos perdidos. O verdadeiro evangelista é aquele tem amor pela obra de evangelização e sai em busca de ganhar almas para o Reino de Deus. O termo "Evangelista" aparece apenas três vezes no texto sagrado: (Atos, 21.8; Ef.4.11; II Tm.4.5). Filipe é o único homem na Bíblia que é chamado de evangelista (At.21.8). Na atualidade este título de evangelista corresponde apenas a uma função ministerial, que nada tem haver com o ministério de evangelista. Desta maneira, o comentário do escritor Severino Pedro é bastante pertinente: "Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem igrejas repletas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista, é que ele deve ser visto mais fora da igreja do que dentro dela (me refiro aqui à igreja local), isto é, que ele não seja somente visto numa função local; mas que sempre avance na direção das almas perdidas sem Cristo; fundando novas igrejas e comunidades".
O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixa de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar almas. Tornar-se-á uma igreja estática, sem crescimento e indiferente à obra missionária.
Avivalistas para pregarem mensagens sensacionalistas e emocionar o povo já tem demais; a igreja está clamando por verdadeiros evangelistas para ganharem almas para o Reino de Deus.
4- PASTORES.
Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados "presbíteros" (At.20.17; Tt.1.5) e "bispos" ou supervisores (I Tm.3.1; Tt.1.7).
A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt.1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (I Ts.5.12; I Tm.3.1-5), ser um exemplo de pureza e da sã doutrina (Tt.2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb.12.15; 13.17; I Pe.5.2). Sua tarefa é assim descrita em Atos 20.28-31: Salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja.
Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo.10.11-16; I Pe.2.25; 5.2-4). Segundo o NT, uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At.20.28; Fp.1.1). Os pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do Espírito concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do candidato.
O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (I Tm.3.1). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo. Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (II Tm.1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (I Tm.4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (II Tm4.4). Se por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (I Tm.4.6,7).
5- MESTRES.
Doutores ou Mestres. Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo.
A missão dos mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o evangelho que lhes foi confiado (II Tm.1.11-14). Têm o dever de fielmente conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos apóstolos, e nisto perseverar.
O propósito principal dos mestres é promover o ensino bíblico e preservar a verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso de modo piedoso segundo a Palavra de Deus.
Os mestres são essenciais ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeita, ou se descuida do ensino dos mestres e teólogos consagrados e fiéis à revelação bíblica, não se preocupará pela autenticidade e qualidade da mensagem bíblica nem pela interpretação correta dos ensinos bíblicos.
A igreja onde mestres e teólogos estão calados não terá firmeza na verdade. Tal igreja corre o risco de aceitar inovações doutrinárias sem objeção, levando o povo de Deus ao erro e desvio da doutrina original dos apóstolos.
Por outro lado, a igreja que acata os mestres e teólogos piedosos e aprovados terá seus ensinos, trabalhos e práticas regidos pelos princípios originais e fundamentais do evangelho. Princípios e práticas falsos serão desmascarados, e a pureza da mensagem original de Cristo será conhecida de seus membros. A inspirada Palavra de Deus deve ser o teste de todo ensino, ideias e práticas da igreja. Assim sendo, a igreja verá que a Palavra inspirada de Deus é a suprema autoridade, e, por isso, está acima das igrejas e suas instituições.
Uma observação: Todo pastor deveria ser mestre, mas nem todo mestre tem vocação para ser pastor.
O conteúdo deste estudo foi extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal. Obs.: Com alguns acréscimos do autor do Blog.