A palavra "expiação" no hebraico "kippurim" derivado de kaphar, que significa "cobrir" comunica a idéia de cobrir o pecado mediante um "resgate" de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido.
A necessidade da expiação surgiu do fato que os pecados da nação de Israel, caso não fossem expiados, sujeitariam os israelitas à ira de Deus. Por conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um sacrifício de amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não tivessem sido expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que findava. Dessa maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano presente, afastaria a ira de Deus contra eles e manteria a sua comunhão com Deus (Lv.16.30-34; Hb.9.7).
No livro de Levítico capítulo 16, descreve a cerimônia do Dia da Expiação. O dia dez do sétimo mês do calendário judaico, tornou-se o dia santo mais importante do ano judaico. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: Um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode emissário (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava-o ao propiciatório, o qual era a tampa que cobria a arca da Aliança e ali derramava o sangue sobre o propiciatório, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o sumo sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21,22).
CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO.
Os dois bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação dos pecados consumados por Cristo em um único sacrifício na cruz. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e sacrificial de Cristo pelos pecados da humanidade. O bode emissário ou bode expiatório, era conduzido para longe, para o deserto, levando os pecados da nação, tipifica Cristo, que removeu os nossos pecados e os lançou para bem longe, havendo lançado no mar do esquecimento. Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar (Mq.7.19).
O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O fato de que os sacrifícios do Antigo Testamento tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para remover de modo permanente todo o pecado confessado. No Novo Testamento, o escritor aos hebreus realça a cumprimento, no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação que se cumpriram cabalmente em Cristo o Salvador Perfeito (Hb.9.1-28; 10.1-23).
Os sacrifícios no Dia da Expiação proviam uma "cobertura" pelo pecado, e não a remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado no cruz, no entanto, é a expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que remove o pecado de modo permanente (Hb.10.4,10,11). Cristo como sacrifício perfeito (Hb.9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm.3.25,26; 6.23; Gl.3.13; II Co.5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que afasta a ira de Deus, que nos reconcilia co Ele e restaura a nossa comunhão com Ele (Rm.5.6-11; II Co.5.18,19; I Pe.1.18,19; I Jo.2.2).
O lugar santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação, representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse "Lugar Santíssimo" após sua morte e, com seu próprio sangue, fez a expiação perfeita perante o trono de Deus (Êx.30.10; Hb.9.7-28).
Finalmente, visto que os sacrifícios de animais no A.T. tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado de toda humanidade, não há mais necessidade de sacrifícios de animais ou quaisquer outros tipos de sacrifícios depois da morte expiatória de Cristo na cruz (Hb.9.12-28). Amém!
(Estudo extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal, com alguns acréscimos e articulações de palavras do autor deste Blog).