Durante a sua convivência de três anos e meio com Jesus, João o viu de várias maneiras. Como carpinteiro e pregador da Galileia, como filho do homem na sua natureza humana, sentindo cansaço, sede e fome; como Rabi da Galileia, como o cordeiro de Deus sendo humilhado e maltratado pelos homens, como Cristo crucificado, como Cristo transfigurado no monte Tabor e como Cristo ressuscitado. Porém, a experiência mais marcante na vida do apóstolo João foi a visão do Cristo glorificado, quando ele estava exilado na ilha de Patmos.
Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo. Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: A Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo; e os pés, semelhante a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas. E Ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e Ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno (Ap.1.9-18).
1- Ele estava vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro (13). Aqui Cristo é visto como Sumo-Sacerdote que vai à presença de Deus Pai interceder pelos pecadores que creram nele.
2- E a sua cabeça e cabelos eram brancos... (14). Aqui nos fala da Sabedoria e Eternidade de Cristo.
3- E os olhos como chama de fogo (14). Aqui nos fala do poder da sua visão, o Deus que tudo sabe e tudo vê com o seu olhar penetrante de justiça.
4- E os seus pés, semelhantes a latão reluzente... (15). Aqui nos fala da firmeza e soberania de Cristo que sujeitará todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés (I Co.15.25).
5- E a sua voz, como a voz de muitas águas (15). Isto fala da potência da sua voz que faz estremecer e causa temor quando Ele fala.
6- E Ele tinha na sua destra sete estrelas... (16). As sete estrelas representam os anjos, que são os pastores responsáveis pelas sete igrejas da Ásia. Isso mostra o seu cuidado com a liderança da igreja. Estar na mão de Cristo, significa estar guardado e protegido.
7- E da sua boca saía uma aguda espada de dois fios... (16). Aqui o Cristo é Juiz . A espada de dois fios representa a Palavra que sai da sua boca para juízo contra os rebeldes.
8- E o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece (16). Um aspecto de glória incomparável de Cristo. Aquele que foi profetizado que haveria de vir como o sol da justiça: Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas... (Ml.4.2).
A visão de João do Cristo glorificado foi uma experiência tão forte que João cai como morto. Mas o Senhor Jesus conhecendo sua estrutura, coloca sobre ele a sua mão direita o levanta e diz: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno (17,18).
Após a sua ressurreição, o Senhor Jesus disse acerca do apóstolo João: "... eu quero que ele fique até que eu venha" (Jo.21.22). Os demais apóstolos e muitos cristãos chegaram a pensar que João não morreria. No entanto, esta promessa do Senhor Jesus dizia respeito exatamente da Sua aparição a João na ilha de Patmos. Segundo os historiadores, esta gloriosa experiência ocorreu por volta do ano 96 d.C., quando todos os outros apóstolos já haviam morrido. No entanto, João ainda estava vivo para que se cumprisse a promessa do Mestre: "... eu quero que ele fique até que eu venha". E, naquela ilha, exilado e solitário, o Senhor Jesus apareceu a João para lhe dar a maior e mais gloriosa experiência de sua vida. Esta experiência foi registada nas Sagradas Escrituras, não apenas para nos informar o que João viu, mas também, para alimentar a nossa fé e esperança de um dia também ver o Cristo glorificado e saber em detalhes como Ele é. Amém!