E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles. E João, ouvindo o cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro? E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em mim.
E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas a respeito de João: Que foste ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? Sim, que foste ver? Um homem ricamente vestido? Os que se trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então, que foste ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele (Mt.11.1-11).
João Batista é o único homem do qual o Senhor Jesus Cristo dá testemunho. Cristo declara que João não era apenas um profeta, era muito mais do que profeta (Mt.11.9). Jesus faz menção ao caráter justo de João e ao fato de ser ele um pregador que não transigia com o erro. João pregava a verdade e os mandamentos de Deus, sem temer os homens e sem jamais temer a opinião popular. As autoridades judaicas ignoraram o pecado de Herodes, mas João não dissimulou, chegando a ponto de confrontá-lo e repreendê-lo. Ele opôs-se ao tal pecado, com firmeza total, demonstrando nisso fidelidade absoluta a Deus e à sua Palavra. Ele foi fiel a Deus ao condenar o pecado, embora tal atitude viesse a custar-lhe a vida. Que todo pregador da Palavra de Deus lembre-se disso: Cristo, também, julgará seu ministério, seu caráter e sua posição em relação ao pecado. (Partes deste comentário foi extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal, pg.1408).
UMA DANÇA QUE CUSTOU A CABEÇA DE JOÃO BATISTA.
O rei Herodes ouviu falar dessas coisas, pois o nome de Jesus havia se tornado bem conhecido. Algumas pessoas estavam dizendo: "João Batista ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes miraculosos".
Outros diziam: "Ele é Elias". E ainda outros afirmavam: "Ele é um profeta, como um dos antigos profetas".
Mas quando Herodes ouviu essas coisas, disse: "João, o homem a quem decapitei, ressuscitou dos mortos! "
Pois o próprio Herodes tinha dado ordens para que prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual se casara.
Porquanto João dizia a Herodes: "Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão".
Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo,
porque Herodes temia a João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo; e quando o ouvia, ficava perplexo. Mesmo assim gostava de ouvi-lo.
Finalmente chegou uma ocasião oportuna. No seu aniversário, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia.
Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: "Peça-me qualquer coisa que você quiser, e eu lhe darei".
E prometeu-lhe sob juramento: "Seja o que for que me pedir, eu lhe darei, até a metade do meu reino".
Ela saiu e disse à sua mãe: "Que pedirei? " "A cabeça de João Batista", respondeu ela.
Imediatamente a jovem apressou-se em apresentar-se ao rei com o pedido: "Desejo que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista num prato".
O rei ficou muito aflito, mas por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à jovem.
Assim enviou imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi, decapitou João na prisão e trouxe sua cabeça num prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe.
Tendo ouvido isso, os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo (Mc.6.14-29).
Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele e agradou a Herodes (Mt.14.6).
Uma moça ímpia que dançou em público diante dos homens para agradar a um rei profano, foi a causa da morte de um dos mais santos dentre os homens. A dança da filha de Herodias na festa de aniversário de Herodes era uma prática pagã que sempre se repetia nas grandes comemorações das festas reais promovida pelos reis e seus governantes.
Segundo informações do Site bbc.com, os Evangelhos nos contam sobre o assassinato de João Batista no final de um famoso banquete por volta do ano 29 em que se diz que Salomé teria ralizado uma dança perante os convidados. O objetivo da festa era comemorar o aniversário de Herodes Antipas, o tio-avô da jovem e tetrarca, ou seja, governador de alguns territórios no sul do Oriente Médio em nome dos romanos. A dança de Salomé ocorreu em uma das fortalezas de Antipas.
Antipas havia prendido e encarcerado João Batista, um pregador popular cujas violentas críticas contra a ordem estabelecida poderiam ter incitado uma revolta. João Batista também foi considerado culpado de insultos contra Herodíade, esposa de Antipas. Herodíade não se cansava de exigir que o insolente profeta fosse executado.
Mas Antipas não estava certo disso, porque sabia que João Batista era tido como um homem justo e santo, como podemos ler no Evangelho segundo São Marcos.
O aniversário de Antipas ofereceu a Herodíade o momento propício de alcançar seu objetivo. A esposa do tetrarca compareceu à festa acompanhada da filha Salomé, fruto de um casamento anterior.
Durante o banquete, a filha de Herodíade começou a dançar, agradando a Herodes e seus convidados. O tetrarca, como um gesto de gratidão, lhe fez uma promessa: "Tudo o que você me pedir, eu darei a você, mesmo que seja metade do meu reino." Salomé, então, sob a influência de sua mãe, reivindicou "em um prato, a cabeça de João Batista".
O tetrarca não se atreveu a recusar, para não ficar mal diante de seus convidados. Ele imediatamente enviou um guarda para decapitar João Batista em sua cela. E Salomé recebeu a cabeça, que deu à sua mãe.
A princesa Salomé nasceu no ano 18 e, portanto, tinha apenas 11 ou 12 anos naquela época. O termo grego pelo qual ela é definida no Evangelho é "korasion", um diminutivo neutro de "korè" (menina). A palavra "korasion" não apenas evoca uma garota, mas também a priva de toda feminilidade.
A dança de Salomé não era, portanto, uma dança erótica - a menos que os evangelistas estivessem sendo irônicos. Ou seja, a hipótese de que uma mulher sedutora tivesse realizado aquela dança parece improvável, de acordo com as escrituras.
Na origem do mito da dança de Salomé, talvez não houvesse nada mais do que a performance de uma menina por ocasião do aniversário de seu tio-avô.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral
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