O profeta Amós pregou nos reinados de Uzias, rei de Judá, e também durante o período de governo do rei Jeroboão 2 sobre Israel, o Reino do Norte. Considerando ainda que Amós fora contemporâneo de Oseias e Jonas.
Amós, cujo nome significa peso ou carga era natural de Tecoa, uma pequena cidade distante quase 18 km de Jerusalém. Não era um nobre, como fora Isaías, nem sacerdote, como Jeremias, tampouco profeta acadêmico como vários formados pela escola fundada por Samuel e seus discípulos estudiosos e pregadores das Escrituras (1Sm.10.5-11). Amós ganhava a vida como criador de gado e cultivador de sicômoros, uma espécie de figueiras bravas (Am.7.14). Foi chamado por Deus para profetizar o iminente juízo de Deus contra o Reino do Norte (Israel), e o Reino Sul (Judá); seu ministério foi mais atuante sobre a cidade de Betel. Betel era o centro da adoração de Israel, onde as camadas sociais mais altas do reino se reuniam no santuário para adoração. Amós é levado pelo Espírito de Deus a anunciar a condenação do Reino do Norte (Israel) e do Sul (Judá) por causa do desprezo à palavra de Deus.
A VISÃO DO PRUMO E O AJUSTE DE CONTAS COM DEUS.
Mostrou-me também assim: Eis que o Senhor estava sobre um muro levantando a prumo; e tinha um prumo na sua mão. E o SENHOR me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então, disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo nomeio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele (Am.7.7,8)
O que é um prumo e para que serve?
O prumo é um instrumento utilizado nas construções, geralmente composto por um fio e um peso na ponta; serve para ajustar o nível de uma parede ou muro.
Durante os reinados de Uzias, rei de Judá, e Jeroboão, rei de Israel, os dois estavam atravessando uma fase de grande prosperidade material, além do prestígio político e militar em toda a Palestina (2Rs14.23 e 15.7; 2Cr.26). A nação sentia-se segura e confiante de merecer o favor Divino. Todavia, em vez da prosperidade motivar um maior espírito de adoração e submissão, agradecida a Deus, levou o povo a esquecesse de Deus e a buscar caminhos alternativos, fora da vontade de Deus.
Iniciou-se um tempo de idolatria e paganismo, havia um declínio espiritual, a imoralidade e a corrupção dominava a nação. A justiça social não era praticada, os pobres estavam pagando pela boa vida da parte abastada da nação. Como consequência, o SENHOR, em breve colocaria em prática o seu castigo sobre todas estas perversidades.
É justamente neste contexto social e espiritual da história de Israel, que Deus se revela a Amós como o Deus de Justiça, e comunica através de uma linguagem simbólica que iria por o seu prumo sobre a nação e que não iria poupa-los. O ajuste de contas estaria por vir, o castigo era iminente, em breve o Reino do Norte (Israel), seria subjugado e levado para o cativeiro assírio.
Aqui nós aprendemos que muitas vezes a nossa indiferença para com Deus poderá nos levar a um ajuste de contas com Ele, o que pode resultar em castigo.
O PRUMO, REPRESENTA A PALAVRA DE DEUS.
O prumo como palavra de Deus é o instrumento que Deus usa para ajustar a nossa vida de comunhão e santidade com Ele. Assim como o construtor usa o prumo para garantir que a estrutura está segura, Deus usa o seu prumo Divino (a sua palavra) para avaliar nossa vida.
CINCO ÁREAS NA NOSSA VIDA QUE PRECISAM SER AJUSTADAS PELO PRUMO.
1. VIDA DE SANTIDADE.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (Jo.17.17).
Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver (1Pe.1.15).
2. VIDA DE RENÚNCIA.
E, na verdade, tenho também como perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo (Fp.3.8).
Então, Jesus disse aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me (Mt.16.24).
3. VIDA COM DEUS NA PRÁTICA DA PALAVRA.
E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganado-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito (Tg.1.22-25).
4. VIDA DE ADORAÇÃO E DEVOÇÃO SINCERA.
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (Jo.4.23).
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? (Sl.42.2). Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus... (Sl.73.28).
5. VIDA DE HUMILDADE E SUBMISSÃO A DEUS.
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor (Ef.4.1).
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (1Pe.5.6,7).
Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Tg.4.6,7).
A REJEIÇÃO DA MENSAGEM.
A mensagem do profeta Amós não foi aceita na sua época, visto que era uma mensagem de juízo de Deus sobre a nação de Israel. Amazias, que era sacerdote de Betel, mandou dizer ao rei que Amós estava conspirando contra ele, e disse a Amós que o povo não poderia suportar todas as suas palavras. Amazias, não suportando ouvir a mensagem do profeta procura expulsá-lo dizendo: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza; mas, em Betel, daqui por diante, não profetizarás mais, porque é o santuário do rei e a casa do reino (Am.7.12,13).
Hoje não é diferente, muitos não querem ouvir uma palavra de correção para concerto espiritual, hoje o povo querem ouvir uma mensagem de alto ajuda, que não venha confrontar com as suas conveniências, nem com sua vida irregular, e que possa massagear seu ego. Porém, o prumo da palavra de Deus é indispensável para corrigir os nossos erros, falhas e pecados. A bíblia diz: Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos (Hb.12.6-8). Aceitar a mensagem de correção é uma atitude de humildade e submissão a vontade de Deus. Deus é Pai, Ele não vai deixar seus filhos perecer.
A mensagem que o povo precisa ouvir hoje não é mensagem de autoajuda, não é mensagem de triunfalismo, nem de prosperidade prometendo chaves de carro, de casa, viagens e etc. O povo está precisando de uma mensagem de ajuste de contas com Deus para ficar debaixo da vontade de Deus. Amém!