quarta-feira, 5 de março de 2025

PODER E PERSEGUIÇÃO (Atos 1.8; Atos 8.1).


Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At.1.8).

E também Saulo consentiu na morte de Estevão. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos (At.8.1).

RECEBEREIS A VIRTUDE DO ESPÍRITO.

Atos 1.8 é o versículo chave do livro de Atos. Atos começa com uma promessa de poder e um período de oração no cenáculo (1.8,12-14).

O termo original no grego para "virtude" é "dunamis", que significa poder, poder em ação. 

A palavra "Dunamis", que tem origem no grego, dela se derivam três palavras:

1) Dínamo.

Gerador que transforma a energia mecânica do automóvel em energia elétrica, alimentando seu equipamento elétrico.

2) Dinâmico.

Relativo ao movimento e às forças, que é ativo, que se modifica continuamente, que está sempre em movimento.

3) Dinamite.

A palavra dinamite vem do grego dunamis, que significa "poder" ou "força". Dunamis também é a raiz das palavras "dinâmica" e "dínamo". 

Origem da palavra dinamite.

A palavra dinamite foi inventada pelo sueco Alfred Nobel em 1867 para nomear seu método de tornar mais seguras as explosões em minas. A dinamite é uma substância explosiva com base de nitroglicerina.  

NINGUÉM QUER SER PERSEGUIDO, MAS TODOS QUEREM O PODER.

O poder que foi prometido se cumpriu no dia de pentecoste, os discípulos estavam cheios do poder do Espírito, porém, eles ficaram parados, ficaram acomodados e não avançaram para cumprir a ordem dada por Jesus: Ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Passado um tempo, Deus permitiu uma grande perseguição promovida por Saulo, que consentido na morte de Estevão, suspirava ameaças e partiu para perseguir os cristãos em Jerusalém.

Percebemos à luz da Bíblia, que, geralmente o poder de Deus se manifesta em meio as lutas, as provações e as perseguições. Em toda a narrativa de Lucas no livro de Atos, vemos a igreja sendo provada e perseguida, e por causa dos sofrimentos e das perseguições, há muitas manifestações do poder do Espírito Santo na vida dos crentes. Há um texto que diz: E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos (At.4.33; 5.12). 

Na perseguição a igreja cresceu; quando os crentes foram dispersos o poder de Deus se manifestou através deles, muitas pessoas foram salvas pela pregação do evangelho e muitos foram curados e batizados com Espírito Santo. Diz o texto sagrado: E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade (At.8.3-80. Na perseguição, o diácono Filipe tornou-se um grande evangelista e pregou a Palavra com o tema focado em Cristo, ganhando muitas almas, curando e libertando a muitos para glória de Deus.

O texto de Atos 11, diz: E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estevão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor (At.11.19-21). Foi na perseguição que o poder de Espírito Santo se manifestou no vida dos crentes e eles pregaram com ousadia a Palavra de Deus, e muitos se converteram a Cristo.

A igreja quando era simples, quando tinha a simplicidade de Cristo e andava no temor de Deus, sendo perseguida e desprezada, havia muita graça de Deus derramada sobre os crentes, o Espírito Santo manifestava o seu poder na vida dos crentes e muitas coisas extraordinárias aconteciam entre o povo. Hoje, na atualidade, geralmente os crentes são ricos, tem prata e tem ouro, mas não tem o poder de Deus, não tem a unção do Espírito na vida. É muito barulho, são muitas emoções, é muito movimento humano, é muita manipulação da carne, e nada do Espírito e nem manifestação genuína do poder de Deus. Pastores vazios de Deus, contratam pregadores e cantores pagando uma fortuna, para estes fazerem movimentos e sensacionalismo entre o povo. Quando por misericórdia, há salvação de almas e alguns batismos no Espírito Santo. Todavia, o Espírito de Deus é o mesmo, Ele quer operar grandemente, mas o ego humano e o pecado encoberto está impedidndo a operação do Espírito Santo. Infelizmente, isto é fato.

sábado, 1 de março de 2025

ESTUDANDO A PALAVRA.

Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás (Js.1.8).

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade (II Tm.2.15).

Estudar a Palavra deve ser prioridade na vida de todo cristão. Devemos estudar a Palavra com humildade, submissão e total devoção ao seu Autor. Estudar a Palavra, não é privilégio dos grandes teólogos e eruditos da Bíblia, mas é dever de todos aqueles que ama a Palavra de Deus. Vivemos na época dos entretenimentos onde muitos estão ocupados com tantas coisas, e isto tem deixado muitas pessoas sem tempo para ler e estudar a Palavra de Deus. O Livro do SENHOR, deve ser o nosso livro de cabeceira, o Livro da nossa intimidade. Quem ama a Palavra, deve estudar a Palavra com total submissão e devoção a Deus.

SETE COMPROMISSOS DEVEMOS TER COM A PALAVRA:

1) LER A PALAVRA.

Buscai no Livro do Senhor e lede... (Is.34.16).

Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá (I Tm.4.13).

2) MEDITAR NA PALAVRA.

Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito (Js.1.8).

Antes, tem o seu prazer na Lei do SENHOR, e na sua Lei medita de dia e de noite (Sl.1.2).

Oh! Quanto amo a tua Lei! É a minha meditação em todo o dia! (Sl.119.97).

Os meus olhos anteciparam-me às vigílias da noite, para meditar na tua Palavra (Sl.119.148).

3) GUARDAR A PALAVRA.

Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti (Sl.119.11).

Antes de ser afligido, andava errado; mas agora guardo a tua Palavra (Sl.119.67).

4) AMAR A PALAVRA.

A tua Palavra é muito pura; por isso, o teu servo a ama (Sl.119.140).

Muita paz têm os que amam a tua Lei, e para eles não há tropeço (Sl.119.165).

Oh! Quanto amo a tua Lei! É a minha meditação em todo o dia! (Sl.119.97).

5) ALIMENTAR-SE DA PALAVRA.

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua Palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó SENHOR, Deus dos Exércitos (Jr.15.16).

Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt.4.4).

Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo (I Pe.2.2).

6) OBEDECER A PALAVRA.

Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir... (Ed.7.10).

E sede cumpridores da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.

Porque, se alguém é ouvinte da Palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era.

Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito (Tg.1.22-25).

7) FALAR A PALAVRA.

E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te (Dt.6.6,7).

O profeta que teve um sonho, que conte o sonho; e aquele que em quem está a minha Palavra, que fale a minha Palavra, com verdade. Que tem a palha com o trigo? Diz o SENHOR (Jr.23.28).

Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a Palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina (II Tm.4.1,2).

E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a Palavra com os sinais que se seguiram. Amém! 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O CARNAVAL DO GALO.


Um Galo gigante medindo 32 metros de altura, feito de material reciclável, é a maior atração do carnaval de Pernambuco. Este atrativo chamado de "galo da madrugada" que arrasta multidões, é amado e idolatrado por muitos. O galo da madrugada foi criado em 1978. Em 1994, foi registrado 1 milhão de foliões no Galo da Madrugada. Em 2023, foram 2,5 milhões. 

O Galo da Madrugada foi reconhecido pelo Guinness Book como o maior bloco de carnaval do mundo.

Nomeado no Guinness Book of World Records como o maior desfile de carnaval do mundo, considerando o número de participantes. Em 2023, esse número foi de mais de 2.500.000 pessoas. Seu tamanho só é igualado pelo Cordão da Bola Preta, no Rio de Janeiro.

Há um reflão da música do galo que diz: ♫ Galo eu te amo.
Quem ama e reverencia o galo, inclina-se para o galo se diverte em volta dele.
Mas, quem ama e adora unicamente a Deus Jeová, inclina-se e alegra-se na presença dEle.

Diante do galo as pessoas têm as mais diversas ações e reações, tais como: Idolatria, anarquia, irreverência, imoralidade sexual, embriaguez, libertinagem, discórdia, conflitos, traição, mentira...

Há dois estilos de vida praticados pelas pessoas, estes dois grupos de pessoas são citados pelo apóstolo Paulo, quando escrevendo aos crentes de Roma, diz: Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. 
A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo.
Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.
Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo (Rm.8.5-9).

Os que são espirituais alegram-se na festa do Espírito; mas os que são carnais deleitam-se na festa da carne.

Finalmente, que possamos aceitar e praticar a orientação de Paulo, que diz: Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito (Ef.5.18). Amém! 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Jesus Vem! Os Sinais Testificam!


Os sinais testificam e indicam que a volta de Jesus está próxima, mas a maior parte das pessoas estão destraidas e despreparadas para o encontro com o Senhor. Enquanto o mundo está mergulhado nos carnavais desta vida, a igreja do Senhor está buscando viver em santidade e na espectativa da iminente volta de Jesus.

A música "Meu Jesus Vem" da Harpa Cristã (451) é um hino que expressa a esperança da igreja na segunda vinda de Jesus Cristo. Este é um evento central na teologia cristã conhecido como Parusia. A letra deste hino reflete a expectativa de que a volta de Cristo está próxima, baseando-se em sinais e testemunhos que, segundo a Bíblia, indicam a iminência desse grande acontecimento.

Os primeiros versos diz: "Os testemunhos indicam que breve Cristo virá; Já os sinais testificam que Ele vem, não tardará." Isto nos remetem as passagens bíblicas como está escritas em Mateus 24, onde Jesus fala sobre os sinais do fim dos tempos e da sua vinda.

O segundo verso, diz: Oh! Dia de grande glória, Para os remidos será! Dia será de vitória; Jesus em breve virá. 
Os versos da música transmitem uma mensagem de esperança e alegria para os fiéis, que aguardam a redenção e a vitória sobre as tribulações do mundo. 

O côro do hino faz referência aos anjos: "Os anjos nas harpas tangem, dando louvores a Deus!" Isto evoca a imagem celestial e a adoração eterna que os crentes esperam participar após a segunda vinda de Cristo.

A canção também aborda a transformação que ocorrerá com os crentes, conforme mencionado: "Meu corpo já transformado, um céu aberto achará! Com anjos mil a Seu lado, Jesus em breve virá!" Isso faz alusão à crença na ressurreição dos mortos e na glorificação dos santos, conforme descrito em I Coríntios 15. 

A última estrofe do hino nos fala de ausência de tristezas e dores, nos fala de festa, descanso e alegria.

♫Tristezas desaparecem e dores não haverá; estrelas já resplandecem; a Festa começará! ♫ Descanso ali prometido, minha alma então gozará.

A música termina com um apelo evangelístico, convidando aqueles que estão perdidos a ouvirem a mensagem de salvação: "Ouve a mensagem, perdido; Jesus em breve virá!" 

Este Hino reforça a Fé, a Confiança e a Esperança na Promessa de um futuro glorioso, que cuminará com Volta de Jesus.
Maranata! 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

MARIA É MÃE DE DEUS?


Este tema tem causado polêmica no meio pentecostal, há pontos de vista diferentes em afirmar ou não, se Maria na verdade é mãe de Deus. A falta de compreensão de um ponto coeso da doutrina de Cristo (cristologia) postulado pelos Padres (Teólogos) de Calcedônia e outros, revela a ignorância bíblico-teológico e histórico de muitos irmãos.

O Credo da Calcedônia (Ásia menor, 451) descreve a encarnação da Segunda Pessoa da Trindade negando que um homem haja se tornado Deus ou que Deus haja se tornado homem. Não houve confusão ou absorção entre a natureza divina de Cristo e a sua natureza humana. As duas permanecem unidas, inseparáveis e distintas. Similarmente, a encarnação não é meramente o habitar divino de um humano nem uma conexão entre DUAS PESSOAS. Ao invés disso, o Credo assevera que há uma união real entre as naturezas divina e humana existentes em UMA VIDA PESSOAL: a vida de Jesus de Nazaré. Portanto, Maria é a Mãe de Deus porque só há uma ÚNICA PESSOA com DUAS NATUREZAS.

Quando afirmamos com os Pais da Igreja, como Cirilo de Alexandria e os pais presentes no Concílio de Calcedônia que Maria é a mãe de Deus, não estamos dizendo que ela é mãe da divindade de Jesus, mas que por Jesus ser Deus, Maria é a Mãe de Deus (Jesus, Deus–Homem).

Negar que Maria é a mãe de Deus é negar a Unipersonalidade do Verbo encarnado. É negar a Pessoa Teantrópica do Redentor. É afirmar que em Jesus tinha não apenas duas naturezas, mas DUAS PESSOAS. Portanto, quando o Concílio de Calcedônia subscreveu Maria como Mãe de Deus é que ela é a mãe de Jesus que é Deus. Cirilo afirma: “Ó tolos [...] o que ela deu à luz, exceto que é verdade que ela deu à luz o Emanuel segundo a carne? [...] Pois o abençoado profeta Isaías não está dizendo: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará pelo nome de Emanuel, que sendo interpretado é Deus conosco”? O texto de Cirilo em Calcedônia é plausível e defende não a mariolatria, ou Maria como Mãe da Divindade de Jesus ou ideias semelhantes, mas a cristologia postulada nos Concílios anteriores: a Única Pessoa com Duas naturezas. Dizer que não é Mãe de Deus (Jesus) é afirmar que ela é Mãe de uma Pessoa Humana, Jesus, que também é uma Pessoa Divina, o Cristo.

Afirmar, como alguns irmãos afirmaram por aqui, que Jesus teve pai e mãe humanos é pura heresia. A humanidade do redentor veio unicamente de Maria, e não de José, por obra do Espírito Santo (Mateus e Lucas falam sobre isso).

Quando alguns afirmam que Maria é a Mãe de Cristo (e não de Deus), na cristologia dos padres, subtende-se que Maria é mãe de uma pessoa humana. Em contrapartida, o ensino bíblico e da teologia ortodoxa dos Padres da Igreja (não confunda isso com o mero catolicismo romano – não tem nada ver –, pois as postulação de Calcedônia é a Fé Definida da Igreja de Cristo Jesus em todos os lugares: isso é catolicidade teológica) descreve e pontua que Maria é Mãe de Jesus, porque só temos UMA ÚNICA PESSOA com duas naturezas. Claro, a Divindade é do Verbo encarnado, e a Humanidade obra do Espírito Santo por meio de Maria. Portanto, isso não é MARIOLATRIA, mas, SIM, CRISTOLOGIA CALCEDÔNICA.

Negar que Jesus é Mãe de Deus é cair no erro da dupla personalidade de Nestório e de outros hereges repreendidos pelo postulado do Concílio de Calcedônia. Compreendendo o contexto do Concílio e as postulações de Cirilo de Alexandria e dos demais Padres, o santo padres afirmaram no Credo Calcedônio:

(...) Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos];

Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis;[1] a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.

Desse modo, está certo que não perguntamos a uma mulher do quê ela é mãe, mas de quem. E este quem, no caso de Maria, é uma Pessoa divina. Ao perguntarmos a ela: “Maria, de quem sois mãe?”, ela poderá dizer: “Meu filho é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.” Ora, em Jesus não existem duas pessoas, mas uma só, que é divina - esse é o ponto de Cirilo de Alexandria e dos Teólogos de Calcedônia. Na Trindade há três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Foi a Pessoa do Filho que se encarnou. Maria, então, é necessariamente mãe de um homem, mas esse homem, que é seu filho, é uma Pessoa da Santíssima Trindade — “Unus ex Trinitate”, “um da Trindade”. Ele é Deus, Emanuel, Filho da Irmã Maria, que por sua vez é Mãe de Deus, Filho.

Quando, no ano de 431, no Concílio de Éfeso, a Igreja proclamou o dogma da maternidade divina de Maria, afirmando que precisamos chamá-la de Mãe de Deus, é porque havia os hereges nestorianos que queriam chamá-la de “Mãe de Cristo” (em grego, χριστοτόκος [Christotókos], “aquela que gerou Cristo”). Mas a Igreja imediatamente rejeitou essa ideia, esclarecendo que ela não é χριστοτόκος, mas θεοτόκος (theotókos), ela é Mãe de Deus, é aquela que gerou a Deus — manifestamente, em sua natureza humana, mas a Pessoa é divina.

Precisamos enfatizar isto: Jesus é uma Pessoa divina, e não um homem qualquer. Ele é Deus, e Maria é mãe daquele que é Deus.

Há evidências de que aquela criança não poderia ser o filho de um homem, mas de Deus: “O anjo respondeu: — O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.” (cf. Lucas 1.35).

Os pais da Igreja da Calcedônia fizeram um ótimo trabalho. Em questões cristológicas somos, talvez, como apenas anões em ombros de gigantes. Podemos ser capazes de enxergar ainda mais se sentarmos ali. Mas se descermos, me questiono se veremos algo além da lama do nestorianismo ou do eutiquianismo.

BIBLIOGRAFIA

Cyril of Alexandria. (1900). The Letter of Cyril to John of Antioch. In P. Schaff & H. Wace (Orgs.), H. R. Percival (Trad.), The Seven Ecumenical Councils (Vol. 14, p. 251). New York: Charles Scribner’s Sons.

Henry Bettenson, Documentos da Igreja Cristã (SP: ASTE/Simpósio, 1998), p. 101.

CRÉDITO DESTE POST: Ivan Teixeira.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

JESUS VIVEU A EXPERIÊNCIA HUMANA.


Era Homem de dores, experimentado nos trabalhos... (Is.53.3).

Deus, fazendo-se homem, viveu de maneira simples entre os homens. Passou as fases da vida humana, infância, adolescência e juventude, como qualquer outra criança e jovem. Nesta época vivia em Nazaré, cidade pequena e rural. Jesus viveu numa humildade surpreendente, pois nenhum morador da cidade nem da vizinhança, percebeu que Ele tinha algo de especial, que Ele era Deus.

AS TRÊS FASES DA VIDA DE JESUS.

1) A FASE DA INFÂNCIA.

Do nascimento ate aos 12 anos, dias de aprendizado, fase da preparação, onde ele estudava a torá, ele tinha o Pentateuco decorado e estava se preparando para ser o Rabi da Galileia.

E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.

Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa.

E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa (Lc.2.40-42).

O evangelho de Lucas é o único que nos informa sobre a infância de Jesus de forma suscinta. Aos doze anos Jesus é levado por seus pais a Jerusalém à Festa da Páscoa. Seus pais se descuidando de Jesus, o perdem e em seguida ele é encontrado no meio dos doutores, ouvindo-os, interrogando-os e ensinando-os (Lc.2.39-46).

E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas (Lc.2.47).

E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc.2.52).

Como verdadeiro homem, Jesus experimentou o crescimento físico e mental. Crescia em sabedoria, conforme a graça de Deus. Era perfeito quando à natureza humana, prosseguindo para a maturidade, segundo a vontade de Deus.

2) A FASE DO ANÔNIMATO.

Dos 12 aos 30, período infantojuvenil de Jesus, até atingir a idade adulta, não há informação na Bíblia. Jesus sai de cena e passa a viver no anônimato. Estes são os anos obscuros onde não há informações sobre sua vida contidiana. Mas, é válido pensar que Ele aprendeu a profissão de carpinteiro do seu "pai" José, e passa a assumir a carpintaria como profissional, a partir da morte de José. 

Em Nazaré, Jesus vive como um simples cidadão, um trabalhador que desenvolve o seu ofício como carpinteiro para sustento da família, visto que José seu "pai", havia falecido.

Entre Lucas 2.52 e 3.23, passaram-se cerca de 18 anos da vida de Jesus, sem haver menção deles. Como foi a sua vida durante esses anos? Mateus, 13.55 e Marcos, 6.3 nos deixa ver que Jesus cresceu em uma família numerosa, que seu pai era carpinteiro e que Ele aprendera aquele ofício. É provável que José tenha morrido bem antes de Jesus começar seu ministério público, e que Jesus tenha assumido a profissão de carpinteiro para sustentar sua mãe e seus irmãos e irmãs mais novos. 

Na época de Jesus, o ofício de carpinteiro incluia os consertos domésticos, a fabricação de móveis e a construção de acessórios agrícolas, tais como arados e jugos. Fica subentendido que durante anos Jesus trabalhou como carpinteiro, mas Ele tinha plena consciência da sua futura Missão determinada pelo seu Pai.

3) A FASE DA POPULARIDADE. 

E o mesmo Jesus começava a ser de quse trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Eli... (Lc.3.23).

Com quase 30 anos, Jesus reaparece pronto para cumprir a sua missão. Jesus sai de Nazaré e vai até o rio Jordão, a fim de se encontrar com João, o Batista, e ser batizado por ele. Antes de iniciar seu ministério público, Jesus jejuou 40 dias e 40 noites, então foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo Diabo (Mt.4.1,2; Lc.4.1,2). Após vencer o Diabo, Jesus volta para a Galiléia, quando soube que João tinha sido preso.

Na Galiléia, Jesus vai para Nazaré e depois muda-se para Cafarnaum, o que causou estranheza nos vizinhos, pois, esperavam que Ele voltasse para a sua oficina, mas isso não aconteceu.

Ele ia e voltava da Judéia todos os anos pois, todo bom judeu participava das Festas Religiosas. Já em Cafarnaum, onde morava, ele sempre participava dos cultos nas Sinagogas.

O povo estranhou sua saída repentina de Nazaré. A família, o povo da aldeia conversavam sobre sua mudança. Ele estava com quase 30 anos e ninguém entendia o que Jesus pretendia, exceto sua mãe. Para Jesus sua saída de Nazaré não tinha volta, pois não podia ficar somente com a família e seu povo da aldeia de Nazaré, sua missão era bem maior.

Jesus começa a pregar na região da Galileia, onde também Ele começa a chamar os seus primeiros discípulos. 
Diz o evangelista Mateus: Andando Jesus junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no.

E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamaou-os. Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.

E, percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 
E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e ele os curava. 
E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e dalém do Jordão (Mt.4.18-25).

Jesus torna-se popular e a sua fama o torna conhecido na sua nação e países arredores.

Finalmente, Jesus viveu a experiência humana na íntegra. Nos dias da sua carne, Ele teve as mesmas necessidades humanas como qualquer outro ser humano. Por Ele ter passado pelos sofrimentos, pelas provações e tentações, Ele sabe as nossas fraquezas e limitações e está pronto para nos socorrer. Sobre isso, o escritor aos hebreus diz: Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado (Hb.4.15). Amém! 

sábado, 15 de fevereiro de 2025

UM HOMEM CHAMADO JESUS.


Ele respondeu: Um homem chamado Jesus, misturou terra com saliva, ungiu meus olhos e disse-me: Vai, lava-te no tanque de Siloé. Então eu fui, lavei-me, e recebi a visão (Jo.9.11).

A cura do cego de nascença, causou um grande alvoroço entre o povo, deixando os líderes religiosos perturbados e confusos quanto ao milagre operado por Jesus. Os líderes religiosos queriam saber como aconteceu o milagre e quem foi o autor do milagre. Perguntaram ao que antes era cego: Como se te abriram os olhos? Ele respondeu: Um homem chamado Jesus, misturou terra com saliva, ungiu meus olhos e disse-me: Vai, lava-te no tanque de Siloé. Então eu fui, lavei-me, e recebi a visão (Jo.9.10,11).

O evangelho de João registra oito milagres operados por Jesus, seguindo a ordem dos milagres, temos: 

(1) Jesus transforma água em vinho (2.1-11). 

(2) Jesus cura o filho de um oficial do rei (4.43-54). 

(3) Jesus cura um paralítico em Betesda (5.1-15). 

(4) Jesus multiplica pães e peixes alimentando cinco mil pessoas (6.1-15). 

(5) Jesus anda sobre o mar (6.16-21). 

(6) Jesus cura um cego de nascença (9.1-41). 

(7) Jesus ressuscita Lázaro, morto há quatro dias (11.1-46). 

(8) Jesus ordena os discípulos lançar a rede à direita do barco, resultado: 153 grandes peixes (21.1-11). 

"Um Homem Chamado Jesus". Esta expressão revela a natureza humana de Jesus e a sua ação em realizar a cura do cego de nascença revela a sua natureza Divina. Sobre a humanidade de Jesus podemos encontrar várias expressões nos evangelhos e nas Escrituras em geral.

O profeta Isaías na sua profecia sobre o Messias apresenta cinco aspectos da humanidade de Jesus: (1) Homem desprovido de beleza física. (2) Homem rejeitado pelos homens. (3) Homem de dores. (4) Homem experimentado nos trabalhos (trabalhador). (5) Homem desprezado (Is.53.2,3).

Vinde e vede um homem... (Jo.4.29).

Um Homem que nunca pecou (Hb.4.15; I Pe.2.22).

Um Homem que que só fez o bem (At.10.38).

Um Homem que veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc.10.45).

"Um Homem Chamado Jesus".

Um Homem Especial.

Um Homem Extraordinário.

Um Homem Singular.

Um Homem Incomparável.

Um Homem Insubstituível.

Um homem simples e acessível a todos, um homem que veio transbordando de amor e perdão em benefício da humanidade perdida e carente do amor de Deus.

UM HOMEM CHAMADO JESUS.

Nos Evangelhos Jesus é descrito pelo título de “Filho do Homem’’, que deixa clara a sua plena humanidade. A Expressão "Filho do Homem" em Hebraico é "Bem Adam" que significa simplesmente “alguém que tem a natureza humana’’. Em minha análise e contagem exaustiva nos evangelhos, encontrei a expressão "Filho do Homem" 81 vezes; sendo em Mateus 30, em Marcos 14, em Lucas 25, em João 12.

Ao tomar sobre si a natureza humana, Jesus escolheu deixar de lado o exercício independente dos Seus poderes divinos. Em nenhum momento Jesus deixou de ser Deus, mas Ele operou como um homem ungido pelo Espírito Santo. Podemos entender isso um pouco mais constatando que Jesus, antes de Sua encarnação, existia co-igualmente e co-eternamente com Deus o Pai, e com Deus o Espírito Santo. Ele compartilhava com Eles todos os privilégios da Deidade, tais como onisciência (saber todas as coisas), onipotência (ser todo-poderoso), e onipresença (estar em todos os lugares ao mesmo tempo). Mas quando Jesus se tornou o homem de Nazaré, o Galileu, Ele era Emanuel, que significa “Deus conosco”. Ele era Deus manifesto em carne. Mesmo sendo homem, Ele nunca deixou de ser Deus, nem perdeu Sua divindade, mas Ele deixou de lado certos privilégios da Deidade e restringiu-se a Si mesmo em certas limitações humanas.

Um homem chamado Jesus, que sendo Deus se fez homem para nos salvar e nos reconciliar com Deus.