Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram atizados em nome do Senhor Jesus.) Então lhe impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniquidade.
Respondendo, porém, Simão disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim (Atos 8.14-24).
Simão, o mágico, recém convertido ao evangelho pela pregação do evangelista Filipe, ficou pasmado diante do poder de Deus manifesto na vida dos apóstolos. Ele era ilusionista, enganava o povo com artes mágicas e era considerado por muitos como um grande personagem. Diz o texto do livro de Atos, que Simão era admirado pelo povo e todos atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: "Este é a grande virtude de Deus" (At.8.9-11). O termo "Simonia" surgiu a partir de Simão, o mágico.
Simonia é o ato de vender favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, etc. em troca de dinheiro. A etimologia da palavra provém de Simão Mago, personagem referido no livro de Atos dos Apóstolos 8. 18-24, que procurou comprar de Pedro o poder de transmitir pela imposição de mãos o Espírito Santo ou de efetuar milagres.
O direito canónico da igreja romana também estipulava como simonia atos que não envolvem a compra de cargos, mas a transação de autoridade espiritual, como dinheiro para confissões ou a venda de absolvições.
A prática da simonia no final da Idade Média provocou sérios problemas à postura moral da Igreja. E foi uma das razões que levou Martinho Lutero a escrever as suas 95 teses e a rebelar-se contra a autoridade de Roma.
Após o edito de Constantino de 313 d.C. a Igreja Cristã foi capaz de dispor de bens terrenos em uma extensão cada vez maior, então houve casos de eclesiásticos que se esforçaram para obter cargos e poder através do dinheiro. Simonia, portanto, já foi condenada com o segundo cânone da quinta sessão do conselho de Calcedônia em 451. Embora uma ofensa ao direito canônico, a simonia se espalhou pela Igreja Católica nos séculos IX e X.
Na Divina Comédia, Dante coloca os simoníacos entre os condenados no terceiro tumulto do oitavo círculo do submundo. Eles estão condenados a ficar de cabeça para baixo dentro de buracos na rocha, com uma chama avermelhada queimando em seus pés. Quando um novo condenado chega, ele toma seu lugar fazendo com que os outros afundem. Este castigo segue-se a esta retaliação: como em vida, vendendo cargos eclesiásticos, eles "pisotearam" o Espírito Santo, agora Ele (em forma de chama) queima seus pés.
O papa Bonifácio VIII é mencionado por Dante como um simoníaco predestinado a passar a eternidade nesta confusão.
A pratica da simonia no contexto atual se apresenta de forma sútil ou até mesmo explícita em muitas igrejas. Este tipo de sacrilégio vem crescendo como um comercio "sagrado", onde o povo é praticamente obrigado a pagar para receber o favor divino. A simonia é uma forma de banalizar a graça de Deus, levando o povo a acreditar que os dons de Deus e as bênçãos de modo geral só é possível mediante uma boa contribuição financeira, caso contrário, não será possível receber as dádivas de Deus.
Há ministérios que a escolha para assumir um cargo eclesiástico, só é possível mediante o vil metal (dinheiro). A chamada já não é mais tanto pela vocação, nem pelo bom testemunho, pela boa reputação e carater. Infelizmente, a simonia ainda é praticada de forma sútil na política ministerial pelo cargo eclesiástico e outros. Todavia a palavra do apóstolo Pedro continua alertando o povo e os líderes religiosos em geral: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro". Que possamos viver o genuíno Evangelho de Cristo e rejeitar todas as praticas de "Simonia" que existe no meio do povo de Deus. Amém!